terça-feira, 6 de janeiro de 2015

O tempo obriga a deixar ir...


E um dia ela percebe que queria ter mais tempo. E que a vida, mesmo sofrida, dolorida, pode ser boa. Percebe que a despedida não é nada contente e que dar adeus é algo que nunca se aprende. Percebe também que muitos riscos ainda não correu e que a lua cheia é tão linda que gostaria de vê-la nascer mais vezes. Percebe que não sabe como contar aos amigos a verdade sobre si e que não contar é sofrer sozinha. E um dia ela percebe que não sabe se é menina ou mulher, que não sabe o que quer. Percebe que as palavras nem sempre dizem tudo e que silêncios também são vazios. Enfim, ela percebe que queria ter mais uma chance de recomeçar, mas que coragem... já não há.

sábado, 3 de janeiro de 2015

Até em sonhos...



“A gente podia se enxergar na rua, nos muros descascados, nas flores meio pisadas, escondidos no meio da multidão. Em tudo, a gente era capaz de se lembrar. E pra qualquer um que via de fora, era um romance mais que desejável. Um romance mais que encantador. Mas eu daria uma bala de prata para quem descobrisse o quanto era difícil. E meus coração aos prantos, a quem me ajudasse a dormir sem sonhar. Pois até em sonhos, a gente se lembrava. Eu tinha dúvidas se ainda sabia ser eu. […] Sem enxergar os canteiros de flores miúdas, sem me importar com o horizonte que escurecia e clareava como uma piada sem sentido. Eu tinha pavor de não saber viver sozinha. Eu me queria de volta e sabia que era para nunca mais. Eu e a poesia. Mas ninguém percebia.”
— Mariane Cardoso.